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ENSAIO: Citroen DS5 2.0 HDi Hybrid4

O novo DS5, que agora chega ao mercado português, é o mais recente produto de uma linhagem que recupera uma designação tão cara ao construtor, quanto mítica para a História do automóvel. O grau de sofisticação e a qualidade do detalhe da gama DS pretendem elevar a imagem da marca e, na realidade, ao volante ou em qualquer um dos cinco lugares disponíveis no interior do DS5, a sensação é a de que viajamos em primeira classe. Será este modelo capaz de repetir o sucesso do antepassado a quem deve o nome?
Não existisse um “double chevron” a desenhar-lhe a linha de grelha e poderia bem ser uma marca “premium” do construtor gaulês. Tal como acontece com a Lexus/Toyota, provavelmente, o exemplo mais conhecido dos portugueses.
A afirmação inicial não tem nada de exagerado. Efectivamente, a linha DS, além de recuperar uma designação grata aos amantes dos automóveis (recordam-se dos DS19 a 23, os célebres “boca-de-sapo”?), arroga-se de ser a expressão máxima da capacidade criativa do construtor e não é avara a garantir um luxo à grande… e à francesa!
Depois do DS3, do DS4 e antes do lançamento da versão descapotável do primeiro, o DS5 é, portanto, a nova coqueluche do mundo automóvel. Na calha parece já estar uma versão ainda mais faustosa direccionada para o emergente mercado de luxo da China, País onde a Citroën vendeu, em 2011, mais carros do que na própria França.

Um “concept” quase puro

O DS5 descende directamente de um inspirado concept-car - C-SportLounge - e, ao contrário do que é habitual acontecer por razões logísticas e económicas, passou à produção mantendo todas as premissas e extravagâncias dessa criação nascida para abrilhantar salões automóveis.
Ou não tivesse ele sido concebido em França, centro da moda e da alta-costura mundial!
Talvez por isso, de início, a sua pouco comedida presença insinue uma certa extravagância. Mas não nos iludamos: este é, quer ser - orgulha-se em ser (!) -, um carro extravagante. Passar despercebido não é com ele e se, inicialmente, a escultura meio monolítica do conjunto pode provocar estranheza para alguns, facilmente acabará por cativar com o arrojo e audácia que lhe são intrínsecos. De resto, qualidades que o DS5 é capaz de conferir também a quem o conduz.
Porque, afinal, foi para isso que ele nasceu.

Manter a tradição

Ao contrário do DS3 (ver AQUI), mais desportivo, ou do DS4 (ver AQUI), a meio caminho entre uma aparência desportiva e a de um SUV, o DS5 é um carro “conservador”.
E se isto parece contradizer parte do que se afirmou anteriormente, na realidade, a expressão utilizada tem pouco da interpretação mais literal que se lhe pode dar. Quer dizer, tão só, que este é um carro para quem aprecia automóveis na sua essência, capazes de transportar com conforto, com requinte e numa quase máxima expressão dinâmica. Porque em matéria de condução, o DS5, dependendo do motor, é certo, tem a eficácia temperamental de algumas criações mais desportivas, não enjeitando, por causa disso, o elevado conforto que somente certas berlinas mais “tradicionais” são capazes de garantir.
Em matéria de conforto é um Citroën. E está tudo dito.

Luxo aeronáutico

O refinado habitáculo é um reflexo daquilo que o exterior promete ao primeiro olhar. A audácia aerodinâmica da carroçaria completa-se num interior arrojado e livremente inspirado na aeronáutica, com realce para a profusão de botões disponíveis no tejadilho ou no tecto panorâmico individualizado para condutor, respectivo acompanhante e passageiros traseiros.
Não é só por isso que pretende assemelhar-se ao cockpit de um avião. É também através da posição de condução e da “manche” que comanda a caixa automática (quando é o caso) ou da envolvência que apenas uma criteriosa escolha dos materiais é capaz de assegurar.
Com tudo isto, o DS5 consegue almejar o que, desde o início, era uma das premissas na concepção deste modelo: qualidade, aparente e efectiva, capaz de conferir prestígio e de assegurar conforto a um carro que, pela aparência e funcionalidade, se mescla entre uma berlina clássica e uma bem disfarçada “station” com quase 500 litros de mala.

Comportamento

Mais detalhes sobre o modelo podem ser encontrados nos textos de apresentação do mesmo, disponíveis AQUI e AQUI.
Tivemos a ocasião de ensaiar, durante uma curta centena de quilómetros, a versão híbrida dotada do conhecido motor 2.0 HDi com 163 cv e que beneficia da adição de uma unidade eléctrica para movimentação do eixo traseiro. Com 37 cv adicionais, é o funcionamento combinado dos dois motores que assegura a tracção às quatro rodas do DS5 e um espectacular binário que pode chegar aos 500 Nm.
A maior virtude é a capacidade de conseguir colocar o DS5 em modo inteiramente eléctrico, embora isso só seja possível em condições muito particulares e durante um período de tempo relativamente curto. Para tanto, basta colocar o comando destinado para o efeito no modo ZEV e, até 60 km/h, a autonomia em modo eléctrico rondará os 2 ou 3 km.
A virtude desta mecânica está no facto de conferir uma força extra ao DS5, útil nas recuperações ou em ultrapassagens, além da tracção integral conferir melhor comportamento ao DS5 quando ele aborda percursos inclinados e sinuosos.
A tracção integral poderá revelar-se igualmente vantajosa em terrenos com mais fraca aderência.
Para uma ou outra situação, o condutor pode seleccionar, através do mesmo selector rotativo uma de duas posições: o modo “4 WD”, que alimenta o conjunto das quatro rodas do veículo, e que é indicado para pisos difíceis (neve, lama ou areia, por exemplo), ou o modo “Sport”, que promove uma resposta rápida e imediata do potencial conjunto das duas unidades motrizes. As acelerações, reprises e passagens de caixa tornam-se ainda mais dinâmicas devido ao efeito de “boost” eléctrico.

Preços e versões

Resta por fim dizer que este “avião sobre rodas” já está à venda em Portugal, com preços a partir dos 32229 euros para a versão equipada com o conhecido motor diesel 1.6 e-HDi com 112 cv e caixa manual pilotada de seis velocidades.
A mais desejada será certamente esta versão híbrida, em que o funcionamento conjunto dos dois motores assegura uma potência de 200 cv e tracção às quatro rodas. Além de que o baixo nível de consumos e emissões lhe traz vantagens acrescidas em termos fiscais.
A esta versão, que custa 42.810 euros, junta-se ainda uma outra equipada com o motor a gasolina 1.6THP, igualmente com 200 cv, proposta por 36.420 euros.

Dados mais importantes
Preços (euros) desde32.229 ( 1.6 e-HDi ), 42.810 (Hybrid4)
Motores
- Diesel: 1997 cc, 16 V, 163 cv cv às 3850rpm, 300 Nm às 1750 rpm
- Eléctrico: 37 cv, 200 Nm a partir das 0 rpm
Prestações
211 km/h, 8,6 seg. (0/100 km/h)
Consumos (médio/estrada/cidade)
3,8 a 4,1 / 3,7 a 4,0 / 3,9 a 4,2 litros
Emissões Poluentes (CO2)99 a 107 gr/km (Sport Chic)


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