ENSAIO: Hyundai Veloster 1.6 GDI/140 CV
O Hyundai Veloster é o mais recente acto de arrojo de um construtor em franco crescimento no mercado europeu e americano. Um automóvel global, concebido para contentar mercados e consumidores com gostos distintos. Acaba por ser também um carro de imagem, um “embaixador” da capacidade e engenho do construtor e, por via disso, o mais que provável representante da marca nos Ralis. Mas será que o Veloster precisava de uma terceira porta para ser considerado um bonito coupé? Precisar, não precisava. Só que, no mundo actual e na indústria automóvel em particular, a novidade ajuda a estabelecer a diferença. Por isso, só com duas não seria a mesma coisa…
Fabricar um veículo como o Veloster não é mais barato apenas por ele ter uma porta a menos. Ou uma a mais, consoante o ângulo de visão…
O facto obriga a fazer contas e ajustes estruturais de reforço da carroçaria e exige acertos precisos no equilíbrio da suspensão.
Tudo para garantir um comportamento neutro, quer o carro curve para a direita ou o faça para a esquerda, uma vez que a rigidez estrutural do modelo sofre como que uma espécie de desequilíbrio, agravado pelo facto de a maior parte do tejadilho ser constituída por vidro… com abertura!
Daí a existência de uma espécie de duplo arco central em aço, a exemplo de que acontecia com certos veículos “targa”, como o Porsche 911, por exemplo.(ver AQUI)
Este esforço de afirmação tecnológica resultou numa útil afirmação da diferença, dando motivos e facilitando bastante o trabalho aos homens do marketing. É que, afinal, como é sabido, nos tempos actuais o público consome avidamente qualquer novidade.
Primariamente coupé
Na essência, o Hyundai Veloster é um coupé. Tem a estrutura e oferece o comportamento de um, proporcionando dois bons e confortáveis lugares à frente e explorando razoavelmente bem o que resta do espaço traseiro. Dois adultos conseguem viajar aqui com alguma comodidade, instalados em “baquets” baixas e dispondo de espaço ao centro de sobra para apoiar os braços ou poisar copos. Este facto e os 320 litros de capacidade da bagageira dão-lhe um bocadinho de versatilidade familiar, apesar do acesso ao lugar traseiro atrás do piloto ser um pouco mais complicado.
Quanto à mala, não desencanta pela capacidade, apesar de obtida à custa da existência de pneu suplente de pequenas dimensões. Mas que felizmente existe e não foi substituído por um kit anti-furo.
Em termos ergonómicos, o Veloster não foge à sua essência de um pequeno e acessível coupé desportivo. A imagem de um tablier praticamente simétrico, luminoso e até com aerodinâmico completa-se com a tecnologia mais actual em matéria de equipamento: não faltam os comandos para as habituais ajudas à condução, os sistemas informativos de navegação, áudio ou proveniente do computador de bordo, e ainda as entradas auxiliares de som. (saber MAIS sobre o equipamento)
Tudo com um contraste desportivo entre o negro e os tons prateados, com recurso a materiais plásticos que aparentam solidez e boa fixação, mas com escassas zonas cobertas de revestimentos mais suaves.
Formas diferenciadas
Além da presença de uma terceira porta do lado direito da carroçaria, a forma traseira do Veloster é outro dos aspectos que também contribui para destacar este coreano dos restantes da sua espécie. O vidro traseiro pronunciado confere muita luminosidade ao interior, mas a inclinação e a “spoiler” aerodinâmico que o divide acabam por interferir na visibilidade em manobra. O modelo ensaiado dispunha de câmara de estacionamento traseira, extremamente prestável para estas situações.
Igualmente, por essa razão, não existe escova limpa-vidros traseira.
Desempenho aquém do esperado
Contudo, o que realmente poderá desiludir alguns interessados mais entusiastas é o desempenho mecânico da única versão actualmente à venda em Portugal. É que, quando se fala num modelo coupé, pensa-se, inevitavelmente, num carro capaz de proporcionar um comportamento mais desportivo.
Mas ao olhar para a sinalética “BlueDrive” estampada na chapa adivinha-se de imediato outro propósito. Com o objectivo de conseguir um preço acessível, a mecânica a gasolina 1.6 - apesar de reclamar uns apetecíveis 140 cv - recorre ao sistema “start/stop” e a demais alterações para reduzir emissões e, por essa via, obter redução da carga fiscal.
Isso ajudou a que o preço em Portugal da versão mais acessível se situasse abaixo dos 24 mil euros.
Comportamento dinâmico
Com esta mecânica é mais complicada qualquer intenção de condução mais rápida. As relações mais longas da caixa de seis velocidade obrigam o condutor a manter permanentemente regimes mais elevados, quebrando, por causa disso, a promessa de conseguir estabelecer boas médias de consumo.
Mas como nisto de andar rápido na estrada pode sair caro por outros motivos, refira-se, em abono da verdade, que o Veloster é um carro muito agradável de conduzir quando feito de forma descontraída. Porque, para funcionar correctamente, o sistema “start/stop” requer alguma precisão de movimentos; embraiagem a fundo antes de qualquer toque no manipulo da caixa. Contudo, graças a isso - e ao conjunto de outros factores mecânicos e aerodinâmicos -, alcançam-se consumos que não se afastam muito dos sete litros.
Conclusão
Por tudo o que atrás se disse, esta versão 1.6/140 cv do Veloster parece feita para uma condução relaxada em boas estradas. É que a suspensão, apesar de não ser propriamente dura, revela algumas dificuldades de amortecimento sobre piso mais irregular. A Hyundai dispõe na sua gama de um modelo bastante mais desportivo: o Genesis. Este sim é um pequeno desportivo com motor a gasolina de 2.0 l e 210 cv, capaz de velocidades acima dos 220 km/h. Verdadeiramente um coupé, o seu preço em Portugal situa-se acima dos 41 mil euros.
Contudo, uma boa notícia para os fãs da marca: a Hyundai anunciou o lançamento de uma nova versão deste mesmo motor 1.6 a gasolina, agora com 200 cv graças à adição de um turbo. O facto poderá também estar relacionado com a possibilidade do Veloster vir a ser a próxima estrela dos coreanos no Mundial de Ralis.
Procura automóvel novo, usado ou acessórios? Quer saber mais sobre este ou sobre outro veículo?
Fabricar um veículo como o Veloster não é mais barato apenas por ele ter uma porta a menos. Ou uma a mais, consoante o ângulo de visão…
O facto obriga a fazer contas e ajustes estruturais de reforço da carroçaria e exige acertos precisos no equilíbrio da suspensão.
Tudo para garantir um comportamento neutro, quer o carro curve para a direita ou o faça para a esquerda, uma vez que a rigidez estrutural do modelo sofre como que uma espécie de desequilíbrio, agravado pelo facto de a maior parte do tejadilho ser constituída por vidro… com abertura!
Daí a existência de uma espécie de duplo arco central em aço, a exemplo de que acontecia com certos veículos “targa”, como o Porsche 911, por exemplo.(ver AQUI)
Este esforço de afirmação tecnológica resultou numa útil afirmação da diferença, dando motivos e facilitando bastante o trabalho aos homens do marketing. É que, afinal, como é sabido, nos tempos actuais o público consome avidamente qualquer novidade.
Primariamente coupé
Na essência, o Hyundai Veloster é um coupé. Tem a estrutura e oferece o comportamento de um, proporcionando dois bons e confortáveis lugares à frente e explorando razoavelmente bem o que resta do espaço traseiro. Dois adultos conseguem viajar aqui com alguma comodidade, instalados em “baquets” baixas e dispondo de espaço ao centro de sobra para apoiar os braços ou poisar copos. Este facto e os 320 litros de capacidade da bagageira dão-lhe um bocadinho de versatilidade familiar, apesar do acesso ao lugar traseiro atrás do piloto ser um pouco mais complicado.
Quanto à mala, não desencanta pela capacidade, apesar de obtida à custa da existência de pneu suplente de pequenas dimensões. Mas que felizmente existe e não foi substituído por um kit anti-furo.
Em termos ergonómicos, o Veloster não foge à sua essência de um pequeno e acessível coupé desportivo. A imagem de um tablier praticamente simétrico, luminoso e até com aerodinâmico completa-se com a tecnologia mais actual em matéria de equipamento: não faltam os comandos para as habituais ajudas à condução, os sistemas informativos de navegação, áudio ou proveniente do computador de bordo, e ainda as entradas auxiliares de som. (saber MAIS sobre o equipamento)
Tudo com um contraste desportivo entre o negro e os tons prateados, com recurso a materiais plásticos que aparentam solidez e boa fixação, mas com escassas zonas cobertas de revestimentos mais suaves.
Formas diferenciadas
Além da presença de uma terceira porta do lado direito da carroçaria, a forma traseira do Veloster é outro dos aspectos que também contribui para destacar este coreano dos restantes da sua espécie. O vidro traseiro pronunciado confere muita luminosidade ao interior, mas a inclinação e a “spoiler” aerodinâmico que o divide acabam por interferir na visibilidade em manobra. O modelo ensaiado dispunha de câmara de estacionamento traseira, extremamente prestável para estas situações.
Igualmente, por essa razão, não existe escova limpa-vidros traseira.
Desempenho aquém do esperado
Contudo, o que realmente poderá desiludir alguns interessados mais entusiastas é o desempenho mecânico da única versão actualmente à venda em Portugal. É que, quando se fala num modelo coupé, pensa-se, inevitavelmente, num carro capaz de proporcionar um comportamento mais desportivo.
Mas ao olhar para a sinalética “BlueDrive” estampada na chapa adivinha-se de imediato outro propósito. Com o objectivo de conseguir um preço acessível, a mecânica a gasolina 1.6 - apesar de reclamar uns apetecíveis 140 cv - recorre ao sistema “start/stop” e a demais alterações para reduzir emissões e, por essa via, obter redução da carga fiscal.
Isso ajudou a que o preço em Portugal da versão mais acessível se situasse abaixo dos 24 mil euros.
Comportamento dinâmico
Com esta mecânica é mais complicada qualquer intenção de condução mais rápida. As relações mais longas da caixa de seis velocidade obrigam o condutor a manter permanentemente regimes mais elevados, quebrando, por causa disso, a promessa de conseguir estabelecer boas médias de consumo.
Mas como nisto de andar rápido na estrada pode sair caro por outros motivos, refira-se, em abono da verdade, que o Veloster é um carro muito agradável de conduzir quando feito de forma descontraída. Porque, para funcionar correctamente, o sistema “start/stop” requer alguma precisão de movimentos; embraiagem a fundo antes de qualquer toque no manipulo da caixa. Contudo, graças a isso - e ao conjunto de outros factores mecânicos e aerodinâmicos -, alcançam-se consumos que não se afastam muito dos sete litros.
Conclusão
Por tudo o que atrás se disse, esta versão 1.6/140 cv do Veloster parece feita para uma condução relaxada em boas estradas. É que a suspensão, apesar de não ser propriamente dura, revela algumas dificuldades de amortecimento sobre piso mais irregular. A Hyundai dispõe na sua gama de um modelo bastante mais desportivo: o Genesis. Este sim é um pequeno desportivo com motor a gasolina de 2.0 l e 210 cv, capaz de velocidades acima dos 220 km/h. Verdadeiramente um coupé, o seu preço em Portugal situa-se acima dos 41 mil euros.
Contudo, uma boa notícia para os fãs da marca: a Hyundai anunciou o lançamento de uma nova versão deste mesmo motor 1.6 a gasolina, agora com 200 cv graças à adição de um turbo. O facto poderá também estar relacionado com a possibilidade do Veloster vir a ser a próxima estrela dos coreanos no Mundial de Ralis.
Dados mais importantes | |
Preço | desde 23 250 ( Blue Comfort) |
Motores | 1591 cc, 16 V, 1403 cv às 6300 rpm, 167 Nm às 4850 rpm |
Prestações | 201 km/h, 9,7 seg. (0/100 km/h) |
Consumos (médio/estrada/cidade) | 5,9 / 5,3 / 7,1 litros |
Emissões Poluentes (CO2) | 137 gr/km |
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