ENSAIO: Mazda RX-8 com motor Wankel
Dois, entre muitos outros pormenores, distinguem o RX-8 dos outros desportivos: o primeiro — e mais marcante —, o uso de dois motores (sim... dois) com uma arquitectura única no panorama automóvel. O segundo, é a forma peculiar como abrem as duas portas laterais traseiras. Junta-se a isto uma estética arrebatadora, um comportamento naturalmente apaixonante e toda a exclusividade que o facto de ser um puro desportivo lhe confere. E, claro, de serem necessários 57 mil euros para o ter!
Um desportivo é sempre um desportivo! Chama imediatamente à atenção onde quer que esteja e por onde passa. E, como este não há assim tantos a circular no nosso País, mais ainda se destaca. Depois, há os tais pormenores que o tornam tão peculiar; por isso, quem o conduzir, não espere passar despercebido ou deixar de ser alvo de perguntas.
Esteticamente nem se pode dizer que tenha uma traseira capaz de equilibrar a frente em termos de beleza ou agressividades das linhas. Isso deve-se em parte ao facto deste Mazda dispor verdadeiramente de 2 lugares traseiros. O que não é habitual. Ok, não são uma referência em termos de espaço e quem lá viaja terá alguns constrangimentos na colocação das pernas; contudo, comparado com os seus concorrentes mais directos, não deixam de oferecer algum conforto, com a vantagem de disporem de melhor acesso. Tudo devido à tal forma de abertura das portas, mesmo se para isso necessitam ter a da frente aberta. E isto não é despiciente num carro tão baixo!


A posição dos pedais também não oferece qualquer empecilho para levar este Mazda a um desempenho mais desportivo. Neste aspecto, antecipando-lhe já o seu comportamento mecânico, apenas não gostei da falta de rapidez na troca de velocidades. O manuseamento da caixa é curto, mas muito ríspido e a precisar de bastante determinação e uma perfeita conjugação com a embraiagem para não se queixar.
Mais do que saber a velocidade a que se vai, o que realmente importa quando se conduz um desportivo enquanto tal — o que, como se sabe, não se deve fazer numa estrada comum onde outros circulam tranquilamente... —, é conhecer o regime do motor para tirar melhor partido da caixa de velocidades. É por isso que, do conjunto de instrumentos que se oferecem aos olhos de quem conduz, o conta rotações é o mais expressivo, com a indicação digital da velocidade em ponto mais pequeno. Lateralmente, as informações habituais, com a do óleo a adquirir uma redobrada importância.

Claro está que aquilo que realmente «faz» um desportivo é o seu desempenho. A capacidade mecânica do motor, o comportamento que revela e a segurança das suas reacções. Para começar, este Mazda tem tracção traseira como os puros desportivos dos anos 70. E embora isso se reconheça logo na abordagem mais confiante da primeira curva, a sua agilidade permite, mesmo ao mais comum dos mortais, ganhar confiança e sentir vontade de conhecer novos limites. Só que um desportivo também se quer temperamental e convém ter humildade para perceber que é mais fácil ao RX-8 «conhecer» os limites de quem o conduz, do que o contrário... até porque o seu motor parece inesgotável nas rotações. É evidente que ajudas electrónicas como o controlo de estabilidade ou o auto-blocante às rodas traseiras, são decisivas; e o bom tacto que a direcção electricamente assistida confere ao «piloto», a par de uma rigidez estrutural bastante boa, fazem com que, em circunstâncias normais, se deixe conduzir facilmente e permita antecipar-lhe as reacções. Por outro lado, o desempenho simultâneo dos propulsores é algo de absolutamente fascinante e pena é que os consumos sejam o que são... Fazer um carro destes deslizar calmamente em sexta velocidade com regimes abaixo das 1500 rpm, não é habitual. Claro que, nessas circunstâncias, lhe falta «saída» em caso de necessidade (o binário máximo está acima das 5000), mas em contrapartida contribui para a uma maior economia.

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PREÇO, desde 56800 euros MOTOR, 2 x 654 cc, 231 cv às 8200 rpm, 10:1, 211 Nm às 5500 rpm PRESTAÇÕES, 235 km/h CONSUMOS, 15,8/8,9/11,4 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES 284 g/km de CO2
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