ENSAIO: Dacia Sandero 1.2/75 cv Bi-Fuel (GPL)
A decisão de compra de um carro como este é invariavelmente racional. O Sandero não é particularmente bonito, não provém de uma marca conhecida ou com créditos firmados e não dispõe de um interior capaz de encher o olho. Mas é um carro honesto. Despido de preconceitos, simples e prático, a robustez e altura do chassis permitem-lhe algumas “habilidades” sem risco de ferir a sua integridade física. Mais racional pode tornar-se a sua escolha quando, a um preço que à partida já é bastante acessível (9000 euros + despesas), se junta agora, por pouco mais, uma económica versão bi-fuel. O GPL (*) tem alguns contras, como o estacionamento ou o fantasma da segurança. Só que, feitas as contas, as vantagens são inegáveis.
O motivo é incontornável e, goste-se ou não da ideia, quem olha para um Dacia Sandero é em primeiro lugar atraído pelo preço.
E este é, realmente, bastante apelativo! Menos de 10 mil euros dão acesso a um utilitário espaçoso, com um equipamento base escasso, é verdade, mas como se diz na gíria, tem volante, quatro rodas e um motor.
É contudo bastante injusto reduzi-lo a este epíteto. Mais certo é que, com o decorrer do tempo, possamos acabar por apreciar-lhe a estética ou desculpar a pouca insonorização do interior. Ou até a abundância de plásticos rígidos, o anacronismo da colocação de certos comandos (como os dos vidros eléctricos) ou a pobreza do desenho do tablier e do equipamento presente. Certamente acabaremos por lhe apreciar a facilidade com que, graças a tudo isto, se limpa o seu interior ou como é fácil (mas também mais barata) a sua manutenção.
Feito para resistir
Qualquer Dacia é feito para durar e suportar condições duras. Neste carro está muito presente a política do “forte e feio” que imperou na parte leste da Europa. Os automóveis da marca romena – apesar desta hoje fazer parte do universo Renault –, são necessariamente veículos de manutenção fácil e rápida; afinal, por aquelas bandas ainda impera muito o “desenrascanço”…
Por isso dispõe de um chassis robusto e ligeiramente elevado. Isso dá-lhe liberdade e algum à-vontade, sobretudo ao transitar nas esburacadas estradas da parte leste da Europa.
Que são como algumas portuguesas após uns dias de chuva intensa…
Herdeiro mecânico
O Dacia Sandero tem muito da geração anterior do Renault Clio (ver AQUI ensaio com o mesmo motor), superando-o no capítulo da habitabilidade. A distância entre eixos é, inclusive, superior à da geração actual do utilitário francês e os pouco mais de 4 metros de comprimento proporcionam-lhe até uma habitabilidade boa para um utilitário. Mas também uma bagageira com 320 litros de capacidade, ao nível da de alguns familiares, extensível até aos 1200 litros.
No entanto, não é de esperar nem demasiado conforto, nem demasiada funcionalidade. Uma ou outra estão apenas na justa medida. O equipamento base é igualmente espartano. Para tudo o mais do que o estritamente necessário há que abrir os cordões à bolsa.
Motor equilibrado
AQUI está presente o resultado do ensaio à versão animada exclusivamente pelo motor 1.2 de 75 cv a funcionar a gasolina. Em muitos aspectos o desempenho é exactamente o mesmo.
Para manter a robustez deste motor na passagem ao módulo bi-fuel, foram reforçadas as válvulas e a sede das válvulas.
Os benefícios de um módulo GPL são a redução significativamente dos custos de utilização e das emissões de CO2, além de estender a autonomia deste Sandero até aos 1200 km.
Trunfo desta versão é ainda a vantagem fiscal inerente ao facto de ter diminuído as emissões. O que permite a este Dacia custar apenas 10550 euros, com um equipamento que é montado directamente na fábrica e que, por causa disso, não interfere na garantia de 3 anos ou 100.000 km.
É verdade que lhe falta o ar condicionado, o rádio, alguns airbags e os vidros eléctricos; por isso os 11350 euros da versão “confort” que se segue talvez sejam uma opção a ponderar.
Alternativa ao diesel
Esta variante é igualmente uma alternativa bastante válida ao Sandero diesel, 2500 euros mais caro. Aos custos de manutenção mais reduzidos, junta-se o facto do GPL ser mais barato. E ainda que apresente consumos de GPL superiores, da ordem dos 8 ou 9 litros a cada 100 km, é praticamente imperceptível qualquer variação de desempenho do Sandero, quer este esteja a andar a gasolina ou a GPL.
Há, evidentemente, algumas ressalvas. Com o motor ainda frio a vantagem pertence à gasolina. Em andamento basta seleccionar o carburante pretendido através de um pequeno botão colocado junto ao manípulo das mudanças.
Este botão indica não apenas qual o carburante que está a ser utilizado, como a quantidade de GPL ainda disponível. O tanque deste combustível não é muito grande e foi colocado sob o chassis, no local onde antes se situava o pneu suplente.
Em vez deste passou a existir simplesmente um kit anti-furo, mas a capacidade da mala não foi prejudicada.
Aborrecido é o facto de, pelo menos por enquanto, a legislação portuguesa não permite estacioná-lo em garagens subterrâneas.
(*) O GPL (Gás de Petróleo Liquefeito) é um combustível mais ecológico do que a gasolina, não contém enxofre, chumbo ou benzeno e a sua combustão não emite qualquer tipo de partículas.
O motivo é incontornável e, goste-se ou não da ideia, quem olha para um Dacia Sandero é em primeiro lugar atraído pelo preço.
E este é, realmente, bastante apelativo! Menos de 10 mil euros dão acesso a um utilitário espaçoso, com um equipamento base escasso, é verdade, mas como se diz na gíria, tem volante, quatro rodas e um motor.
É contudo bastante injusto reduzi-lo a este epíteto. Mais certo é que, com o decorrer do tempo, possamos acabar por apreciar-lhe a estética ou desculpar a pouca insonorização do interior. Ou até a abundância de plásticos rígidos, o anacronismo da colocação de certos comandos (como os dos vidros eléctricos) ou a pobreza do desenho do tablier e do equipamento presente. Certamente acabaremos por lhe apreciar a facilidade com que, graças a tudo isto, se limpa o seu interior ou como é fácil (mas também mais barata) a sua manutenção.
Feito para resistir
Qualquer Dacia é feito para durar e suportar condições duras. Neste carro está muito presente a política do “forte e feio” que imperou na parte leste da Europa. Os automóveis da marca romena – apesar desta hoje fazer parte do universo Renault –, são necessariamente veículos de manutenção fácil e rápida; afinal, por aquelas bandas ainda impera muito o “desenrascanço”…
Por isso dispõe de um chassis robusto e ligeiramente elevado. Isso dá-lhe liberdade e algum à-vontade, sobretudo ao transitar nas esburacadas estradas da parte leste da Europa.
Que são como algumas portuguesas após uns dias de chuva intensa…
Herdeiro mecânico
O Dacia Sandero tem muito da geração anterior do Renault Clio (ver AQUI ensaio com o mesmo motor), superando-o no capítulo da habitabilidade. A distância entre eixos é, inclusive, superior à da geração actual do utilitário francês e os pouco mais de 4 metros de comprimento proporcionam-lhe até uma habitabilidade boa para um utilitário. Mas também uma bagageira com 320 litros de capacidade, ao nível da de alguns familiares, extensível até aos 1200 litros.
No entanto, não é de esperar nem demasiado conforto, nem demasiada funcionalidade. Uma ou outra estão apenas na justa medida. O equipamento base é igualmente espartano. Para tudo o mais do que o estritamente necessário há que abrir os cordões à bolsa.
Motor equilibrado
AQUI está presente o resultado do ensaio à versão animada exclusivamente pelo motor 1.2 de 75 cv a funcionar a gasolina. Em muitos aspectos o desempenho é exactamente o mesmo.
Para manter a robustez deste motor na passagem ao módulo bi-fuel, foram reforçadas as válvulas e a sede das válvulas.
Os benefícios de um módulo GPL são a redução significativamente dos custos de utilização e das emissões de CO2, além de estender a autonomia deste Sandero até aos 1200 km.
Trunfo desta versão é ainda a vantagem fiscal inerente ao facto de ter diminuído as emissões. O que permite a este Dacia custar apenas 10550 euros, com um equipamento que é montado directamente na fábrica e que, por causa disso, não interfere na garantia de 3 anos ou 100.000 km.
É verdade que lhe falta o ar condicionado, o rádio, alguns airbags e os vidros eléctricos; por isso os 11350 euros da versão “confort” que se segue talvez sejam uma opção a ponderar.
Alternativa ao diesel
Esta variante é igualmente uma alternativa bastante válida ao Sandero diesel, 2500 euros mais caro. Aos custos de manutenção mais reduzidos, junta-se o facto do GPL ser mais barato. E ainda que apresente consumos de GPL superiores, da ordem dos 8 ou 9 litros a cada 100 km, é praticamente imperceptível qualquer variação de desempenho do Sandero, quer este esteja a andar a gasolina ou a GPL.
Há, evidentemente, algumas ressalvas. Com o motor ainda frio a vantagem pertence à gasolina. Em andamento basta seleccionar o carburante pretendido através de um pequeno botão colocado junto ao manípulo das mudanças.
Este botão indica não apenas qual o carburante que está a ser utilizado, como a quantidade de GPL ainda disponível. O tanque deste combustível não é muito grande e foi colocado sob o chassis, no local onde antes se situava o pneu suplente.
Em vez deste passou a existir simplesmente um kit anti-furo, mas a capacidade da mala não foi prejudicada.
Aborrecido é o facto de, pelo menos por enquanto, a legislação portuguesa não permite estacioná-lo em garagens subterrâneas.
(*) O GPL (Gás de Petróleo Liquefeito) é um combustível mais ecológico do que a gasolina, não contém enxofre, chumbo ou benzeno e a sua combustão não emite qualquer tipo de partículas.
Dados mais importantes | |
Preço | 10.550 euros |
Motor | 1149 cc, 16 V, 75 cv às 5500 rpm., 107 Nm às 4250 rpm |
Prestações | 161 km/h, 13,6 seg. (0/100 km/h) |
Consumos (médio/estrada/cidade) | 5,9 / 4,9 / 7,6 litros (gasolina) |
Emissões Poluentes (CO2) | 122 gr/km (em módulo GPL) |