> | | > ENSAIO: Renault Mégane Coupé RS 2.0T/250cv

ENSAIO: Renault Mégane Coupé RS 2.0T/250cv

Há carros que vão muito para além da razão. Cuja opção de compra só pode ser motivada por uma questão de impulso ou paixão.
Quando falamos em 250 cavalos e quase o mesmo valor de velocidade máxima, é licito perguntar para que serve tudo isto num País onde o limite da velocidade máxima, em auto-estrada, são 120 km/h.
Mas isso é em Portugal. E até mesmo em Portugal, ainda que não seja para desfrutar em pleno das suas potencialidades, o Mégane RS não deixa de ser um objecto desejável.
Neste caso a racionalidade não entra em linha de conta.

Paixão

Não é preciso muito para nos apaixonarmos. A estética exterior impõe-no, numa simplicidade agressiva de linhas, suspensão rebaixada e pneus de baixo perfil, destinados a assegurar um centro de gravidade rasteiro como se deseja num desportivo.
Que se deseja e que requer um carro desenvolvido para trilhar com rapidez e precisão curvas encadeadas, indiferente que parece às condições de aderência da estrada que “pisa” e capaz de manter a confiança, mesmo quando, quase sem darmos por isso, entramos largamente em território proibido por lei.
A boa capacidade de travagem permite o refrear rápido dos ânimos. Apesar de que a precisão da direcção, uma boa posição de condução (por mais 2370 euros o “pack Super Sport” garante-o ainda mais com umas belíssimas “bacquets” Recaro revestidas em couro) e o suave ronronar do motor parecerem pedir mais…

Razão

Desfrute-se então o que existe para além da capacidade atlética. Afinal, por quase 40 mil euros (isto em Portugal, porque em Espanha há que tirar quase 10 mil!), pode (e deve-se) desejar mais. Por exemplo, uma sólida qualidade de construção, já que a suspensão mais firme, em confronto com a qualidade “exemplar” de muitas das nossas estradas, vai exigir muito da sua estrutura.
Porque em matéria de conforto ninguém espera encontrar o de um familiar, as referidas “bacquets” asseguram-no para os lugares da frente. Atrás há que nos contentarmos com o que resta de espaço, que não é realmente muito (principalmente em altura) para dois ocupantes.
Mas nem tudo é “à grande” neste carro. Compacto, oferece boa capacidade de manobra, até porque os bancos, com função elevatória, facilitam a visibilidade. Menos a traseira, cuja exiguidade do respectivo vidro não permite muito. E tanta generosidade de alma não impede uma média de consumos na ordem dos 8,5 litros. Dados do construtor…


PREÇO, desde 37 500 euros MOTOR, 1998 cc, 250 cv às 5500 r.p.m., 16 V, Turbo de geometria variável, intercooler, 340 Nm às 3000 rpm CONSUMOS, 11,5/6,7/8,4 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES CO2, 195 g/km



O Amarelo da Renault Sport

O Renault Mégane RS (de Renault Sport) reúne de facto um conjunto único de características que o tornam num dos carros mais interessantes que conduzi nos últimos tempos.
Para começar, apesar de ser um puro desportivo próximo da versão de competição, é um carro que oferece uma condução bastante acessível e até cómoda, face ao que a suspensão obriga.
As bacquets, que constituem um extra, são um “must” que qualquer condutor mais exigente não dispensa num modelo com tais predicados. Para além dos bancos (incluindo os traseiros), as alterações interiores contemplam pormenores estéticos, volante específico e pedais em alumínio; não há nenhum indicador da pressão do turbo, por exemplo, embora o conta quilómetros tenha passado a ser analógico (em vez de digital), o conta rotações num agressivo fundo amarelo e exista a possibilidade de instalar sistema de telemetria no lugar do painel GPS. Há até um indicador que aconselha a troca da mudança, para assegurar melhores consumos, mas também para ajudar à longevidade do motor.
Disponíveis exclusivamente como coupé de 3 portas, as dimensões do Mégane RS não se alteram substancialmente, apesar de algumas subtis alterações de carácter aerodinâmico e de umas cavas para jantes de 18 ou 19 polegadas, ambas decisivas para os pouco mais de 6 segundos que precisa para chegar aos 100 km/h. A mala mantém 377 litros de capacidade.

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